A Escassez dos Recursos Humanos

Estamos já a sentir, apesar de não ser de agora, um factor que pode comprometer o futuro de todos, seja as organizações privadas, seja a Administração Pública, uma vez que o governo do nosso País, já há alguns anos se alheou de resolver, ou pior, ignora, ou ainda pior, pretende ignorar a sua existência.

Referimo-nos, obviamente, à escassez de mão de obra, aliás, extensiva a todos os sectores, sejam primários, secundários e mesmo serviços, o que aliado, e temos de aliar, ou conjugar, à pouca ou nenhuma formação profissional, ainda mais agrava o problema.

E estranhamente, mas apenas estranhamente…, deixaram ir os melhores recursos humanos para outros países, apesar de se ter gasto, e muito, na sua formação, pelo facto de não lhes darem condições para continuarem, como gostariam, no seu país, junto da sua família, amigos, no seu habitat natural.

Se há muito se falava que Portugal era um país cativante para as indústrias estrangeiras pela abundância e “barata” de mão de obra, hoje diremos que, em relação à primeira premissa, já há muito se esfumou, pois, como diz o povo “não há ninguém que ponha um saco fora da porta”; quanto à segunda premissa, para lá caminhamos, uma vez que o custo da mão de obra cada vez sobe mais e tende a subir, face à muito procura e pouca oferta, pelo que a conclusão que podemos tirar é que este principal factor de desenvolvimento da sociedade e de riqueza do país, não existe.

E se estamos nesse estado, o que se tem feito, melhor, os responsáveis, o que têm feito para ultrapassar o problema?

Diremos que pouco, ou melhor, nada.

Resta-nos, então, o recurso aos emigrantes, mas a quais, em que condições e com que efeitos na sociedade Portuguesa?!

Alguém, designadamente os responsáveis, têm resposta para estas questões?!

É urgente, imperioso e de extrema importância que tenham e que sejam bem fundamentadas, estudadas e preparadas a curto e a médio prazo, para que Portugal possa competir, sobreviver e existir.

Não nos enganemos com importação de mão de obra que não tenha os nossos costumes, que não siga as nossas regras, que não tenha a nossa orientação material e espiritual.

É bom que não se esqueçam que somos poucos, aliás, muito poucos, para assimilar e absorver esses que chegam até nós, e não podemos no presente hipotecar o futuro da existência da raça lusíada.

Temos lições, aliás, algumas já duras e dispendiosas de outros países da Europa, veja-se a França, que vivem sufocados pelo peso de emigrantes que deixaram entrar, ocupar espaços, gastar, não produzir, fomentar desordens em vez de paz, um factor de desequilíbrio, em vez de equilíbrio, tumultos, terrorismos…e ficamos por aqui.

Regressando ao nosso cantinho, ou melhor, ao “nosso jardim à beira mar plantado”, como diz o poeta, concentremo-nos na realidade factual da mão de obra que hoje temos.

Podemos dizer, sem termos medo dos críticos, que é pouca, malformada, não produtiva e, por isso, cara.

O que significa que se alguém pretende investir na instação de uma empresa, seja de que sector for, como vai conseguir, se não tem o factor/produto fundamental, que é a mão de obra?

E estamos a falar de pequenas e médias empresas, pois já não ousamos falar nas grandes empresas.

Onde conseguir 50 trabalhadores para os distribuir pelos diversos sectores da empresa, de forma a esta funcionar e produzir com todos os seus componentes a funcionar?

A nossa experiência, e não é pouca, no estudo e na reflexão deste problema dos recursos humanos, que já nos apoquenta há muito, é que estamos já num tempo de não termos solução com os nossos meios, pelo que necessitamos de recorrer a meios estranhos, no caso, a mão de obra importada.

Mas de onde e como?

Que se cuidem as empresas que mais têm dado, dão e darão pela sobrevivência e crescimento deste país, para não ficarem reféns da falta desses recursos; têm de construir a sua organização, preparar e formar a mão de obra de que necessitam, fazendo de escola, dando formação a quem admitem e precisam, para que tenham mão de obra preparada  para poder responder ao que de mais avançado se produz e se presta no mundo dos bens e dos serviços.

Sem esse arrojo, dispêndio e sacrifício das empresas, o país, se já está em crise, ficará em situação de desastre, e sério, e, como já muitos vaticinam, o país mais atrasado da Europa.

Algum português verdadeiro aceitará ser cidadão do país mais atrasado da Europa?

A nossa resposta, hoje e sempre, é não e todos devem esforçar-se para que esse facto não aconteça, sob pena de termos de responsabilizar os culpados por essa vergonha, humilhação e redução de um povo generoso e heroico, a um povo pobre, atrasado, devedor (caloteiro) e sem rumo.

Artigos relacionados

A Lei Adaptada ao Novo Normal do Mundo do Trabalho

Teletrabalho Obrigatório: Conheça as Novas Regras

Pode-se Afirmar que a Pandemia Provocou Alterações no Direito Laboral?